segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Aumento do lucro dos bancos prova: crise é paga pelos trabalhadores





O trabalhador brasileiro passou 2015 convivendo com o chamado “ajuste fiscal”, implementado pelo governo federal, e a recessão econômica, que trouxe desemprego para muitos, baixo crescimento e aumento da inflação. O ajuste significa deixar de fazer investimentos e cortar gastos, com o objetivo de economizar para pagar juros da dívida pública e “acalmar” o mercado financeiro.
Porém, a conta não é paga por todos. Enquanto direitos sociais básicos sofreram cortes drásticos em seus orçamentos no ano passado, casos da educação (R$9,4 bilhões ou 19,3% do total) e saúde (R$11,7 bi ou 11,3%), a população se acostumou a ver notícias informando lucros recordes das grandes instituições brasileiras.
Nesta quarta-feira (28), o Bradesco anunciou que seu lucro em 2015 foi 14% maior do que no ano anterior: subiu de R$15,08 para R$17,19 bilhões. Já o Santander Brasil havia anunciado pouco antes o aumento de R$5,85 para R$6,62 bilhões, equivalente a 13,2% de crescimento no lucro.
Já o Itaú Unibanco, só no primeiro semestre de 2015, registrou lucro de R$11,71 bilhões, sendo R$5,9 bilhões apenas no segundo trimestre do ano – valor jamais alcançado anteriormente pela instituição financeira e o 2º maior da história entre os bancos brasileiros de capital aberto, perdendo apenas para o Banco do Brasil em 2013.
Por quê?
O que mais impressiona, neste momento de crise, é a comparação: de um lado, a agudez da crise econômica mundial e no Brasil; do outro, os lucros recordes dos bancos. Paulo Kliass, doutor em economia pela Universidade de Paris 10 e especialista em políticas públicas e gestão governamental, explica que há duas décadas as instituições financeiras ganham muito no Brasil.
Desde o Plano Real, na esteira da tentativa de frear a inflação galopante e diminuir a dívida externa (transformando-a em dívida pública, ou seja, interna), o Brasil passou a praticar taxas básicas de juros recordes, de forma a “acomodar” o setor financeiro com lucros altos. Essa taxa, a Selic, hoje remunera a gigantescos 14,15%, segundo o Banco Central. Ela serve como base para diversas contas, principalmente a da rolagem da dívida pública, que – não à toa – cresceu 21,7% em 2015, alta de R$498 bilhões.
E é a taxa de juros a maior responsável pelos lucros astronômicos dos bancos. Para Kliass, o resultado disso em um momento de crise é que o único setor econômico que “não paga” a conta é o financeiro. Enquanto isso, o setor produtivo, como indústria e comércio, e os trabalhadores sofrem diretamente com o aprofundamento da recessão.
Para o pesquisador, isso é fruto de disputa e de escolhas – há, para ele, uma hegemonia construída em favor deste tipo de política.
Recentemente, o economista José Luiz Fevereiro, da Direção Nacional do PSOL, publicou um artigo explicando como funciona o sistema da dívida. Leia aqui: Dívida Pública: mitos e realidade
Fonte: site psol

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